A sala cheia do agora Altice Arena não deixa margem para erros: de celulares em punho, 20 mil pessoas deram as boas-vindas à megacimeira de tecnologia, que se prolonga até quinta-feira dia 09 de Novembro de 2017, com diversos debates, conferências e o que de melhor se faz no mundo do empreendedorismo.
“Palmas para um país incrível: Portugal”, disse Paddy Cosgrave, o CEO da Web Summit, que fez as honras da abertura. A audiência cumpriu e logo chegou o primeiro recado: “Isto gira em torno do network [rede de contatos]. Apresentem-se às pessoas que estão ao vosso lado.” Para já, são apenas 20 mil, mas ao longo dos próximos dias “mais de 81 mil pessoas vão passar por estas portas”. Paddy falava não só dos 59 115 que participam na cimeira, mas também dos três mil voluntários, 160 elementos que compõem a organização, pessoal de construção, técnicos de iluminação e som e seguranças. Ao todo, mais de 20 mil pessoas que ajudam a pôr de pé a Web Summit.
Os que chegam para participar no evento não escondem o entusiasmo com o gigantismo que por aqui se vive. “As expectativas são as melhores possíveis. A Web Summit é um ótimo empurrão. Portugal precisa ser percebido como um país de inovação, de empreendedorismo, de tecnologia e é isso que este evento permite: ajudar-nos nessa estratégia de sermos conhecidos e afirmarmo-nos internacionalmente”, confessou ao DN/Dinheiro Vivo Miguel Fontes. Numa das primeiras filas, o presidente da Startup Lisboa admite que a maturidade dos últimos meses trouxe um novo olhar sobre o evento. “No ano passado foi a novidade, o ano da aprendizagem. Este ano já é um ano de crescimento, acho que se aprendeu imenso como é que se prepara uma Web Summit, como é que se tira dela o melhor proveito; o entusiasmo é o mesmo.”
A cimeira é muito mais do que partilha de contatos e mensagens. “Não é uma feira normal onde se trocam cartões e onde se compra alguma coisa”, conta ao DN/Dinheiro Vivo João Vasconcelos. Desde a última edição, deixou a Secretaria de Estado da Indústria, mas manteve o apoio às startups, o que o traz novamente à cimeira. “Temos um ecossistema mais maduro, mais adulto. As expectativas, por isso, são ainda maiores neste ano”, refere o agora consultor da Clearwater International. “Toda a gente entendeu o que era o evento e o número de inscritos prova que foi um sucesso. Neste ano há repetentes, há gente nova, de vários continentes, mais oradores portugueses, mais empresários portugueses a expor e a apresentar-se. Se o objetivo do governo é tirar o máximo partido possível deste evento para o nosso ecossistema, então neste ano já estamos a fazer um trabalho melhor”, revela.
O toque internacional da Web Summit é inegável. Por toda a cidade, vários cartazes dão visibilidade para um encontro que se faz maioritariamente em inglês. E o grande palco do Altice Arena não foi exceção. Dos sete oradores selecionados para a abertura, apenas o primeiro-ministro reservou tempo para falar em português. “Lisboa tem sido o ponto de encontro de pessoas de todas as culturas”, disse Antônio Costa, enfatizando a “cidade aberta” que quer ser ponte para todos os continentes. Graças ao sentimento de partilha o primeiro-ministro até tirou a sua gravata para a entregar a Paddy, com a sua T-shirt azul e calças de ganga.
Antes, foi tempo para reflexão sobre tecnologia, inteligência artificial e futuro. Pelo palco desfilaram figuras de topo e, pelo telão, chegou uma mensagem que entusiasmou e colou a audiência. “Quero agradecer à Feedzai por poder falar convosco hoje. Sejam muito bem-vindos à Web Summit.” Sem precisar de apresentações, o cientista Stephen Hawking realçou a importância da tecnologia: “Não há diferença entre o que pode ser alcançado por um ser humano e por um computador”, lembrando que “todos temos o papel de garantir que nós e a próxima geração têm não só a oportunidade, mas a determinação para agarrar o estudo da ciência de forma a aprofundar o nosso potencial e criar um mundo melhor para toda a raça humana”. Hawking deixou alertas para o uso da inteligência artificial, porque pode ser o “melhor ou o pior para a humanidade”.
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